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crescimento do e-commerce

Crescimento do e-commerce em relação ao ano de 2019

Com previsão de aumento de 61,6% no faturamento do e-commerce brasileiro, podendo ultrapassar os R$ 100 bilhões em 2020, frente R$ 61,9 bilhões em 2019, o mercado brasileiro se encontra dividido em duas situações empresariais, na descoberta ou na consolidação da negociação online. 

Estas duas etapas estão bem nítidas neste momento por conta das movimentações existentes, campanhas de marketing e investimentos realizados para aumentar o volume de vendas no período. 

O estudo do Movimento Compre&Confie apresentou crescimento de 71% no consumo de todo tipo de itens em compras online, com faturamento de R$ 27,3 bi, comparando o período 24 de fevereiro a 24 de maio de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. 

Com 68,9 milhões de compras realizadas, 82,1% maior do que 2019, o cenário apresenta uma variação negativa no valor do ticket médio de compra, com redução de 6,1%, para o valor de R$ 395,80, por conta da categoria de itens vendidos – menor valor e principalmente de necessidades diárias, também por conta da instabilidade econômica do momento e maior apreensão para aquisição de itens de grande valor. 

queda no valor do ticket médio de compra serve para representar a cautela do consumidor e o reflexo da crise econômica que tem se propagado neste período. Com medo da diminuição da renda, o consumidor passa a adquirir de forma mais consciente evitando gastos desnecessários, ou passa a postergar determinadas aquisições, de maior custo, para manter a renda, o que se reflete na queda do ticket médio. 

De acordo com pesquisa Ebit/Nielsen, o e-commerce brasileiro ultrapassou R$ 60 bilhões em faturamento e 148 milhões de pedidos, de acordo com o 41° relatório Webshoppers. De 1° de janeiro a 30 de abril de 2020, o faturamento foi de R$ 22,9 bilhões, 32% do faturamento total de 2019. 

Os segmentos que tiveram perda 

Com 18,6% de perda acumulada e o pior resultado desde o início da pesquisa realizada pela Pesquisa Mensal do Comércio, conforme apresentou o IBGE, fica nítido que há muito o que se preocupar.  

Em todos os 27 Estados da União, o comércio varejista brasileiro apresentou quedas, porém, as mais acentuadas foram: 

  •  Amapá (-33,7%);  
  • Rondônia (-21,8%);
  • Ceará (-20,2%). 

Em relação ao mesmo mês no ano de 2019, a queda se apresenta ainda maior: 

  •  Amapá (-42,8%); 
  •  Rondônia (-40,8%);
  • Ceará (-33,8%). 

Os setores mais afetados foram:  

  • Tecidos, vestuários e calçados (-60,6%);  
  • Livros, jornais, revistas e papelarias (-43,4%);  
  • Artigos de uso pessoal e doméstico (-29,5%).  

 

De acordo com Cristiano Santos, gerente da PMC, o contexto econômico de redução salarial em massa influenciou a queda da atividade econômica. 

Com a redução salarial, rescisões e falências, decorrentes do período, o consumidor se tornou mais conservador, diminuindo gastos e por consequência o consumo. A instabilidade e a queda na renda tendem a levar os consumidores a se tornarem mais apreensivos na hora de efetivar suas compras. 

 

Por outro lado, como forma de consequência da pandemia, outros setores também foram afetados:

  • Combustíveis e lubrificantes 9-15,1%);
  • Veículos, motos, partes e peças (-36,2%);
  • Materiais de construção (-1,9%).

 

Estas vendas, por sua vez, diminuíram por conta da ampliação do trabalho em home office, diminuindo a necessidade de deslocamento, de espaços nos escritórios e da quantidade de móveis e equipamentos para realizar as funções. Bem como as próprias restrições impostas tanto para deslocamento como para horário de funcionamento. 

Na comparação com abril de 2019, o mercado varejista apresentou queda de 16,8%.  

As maiores quedas foram:  

  • Vestuário, tecidos e calçados (-75,5%);  
  • Livros, jornais, revistas e papelaria (-65,6%);  
  • Uso pessoal e doméstico e outros artigos (-45,6%);  
  • Material para escritório, informática e comunicação (-45,4%);  
  • Móveis e eletrodomésticos (-35,8%);  
  • Combustíveis e lubrificantes (-25,3%);  
  • Artigos farmacêuticos, de perfumaria e cosméticos, médicos e ortopédicos (-9,7%).

 

Os segmentos que cresceram 

Aqui, também vemos reflexos do menor nível de atividades dentro das empresas por conta do isolamento social, queda na necessidade de deslocamento e realização das atividades em home office 

Por consequência, devido ao novo contexto, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo apresentaram aumento (4,7%) em abril. Ainda menor do que o mês de março (11,0%), porém, único setor a apresentar aumento. 

De acordo com o 41° relatório Webshoppersos fatores do aumento deste setor, temos o deslocamento do consumo de bares e lanchonetes, maior quantidade de pessoas por longos períodos de tempo dentro de casa, maior demanda por produtos de limpeza, aumentando o consumo doméstico e reflexo do novo contexto de trabalho. 

Dessa forma, mesmo que as análises gerais apresentem crescimento do varejo e níveis novos alcançados, vale ressaltar a necessidade de analisar os números, detalhar as pesquisas e ampliar o entendimento na direção de o que e onde. O que está acontecendo e onde está acontecendo? 

Essas perguntas vão ajudar a enxergar de forma mais crítica os números apresentados e não apenas aceitar de forma ingênua esse aumento e basear investimentos, expansões ou análises de retomada de atividade sem entender que este aumento tem sido puxado por segmentos específicos que apresentam aumento muito elevado compensando os demais em queda. 

 

Supermercados e o “momento do negócio” 

 

Mesmo não sendo a resposta para todas as perguntas, neste momento, ao menos a alternativa para muitas dessas questões, pode ser respondida através deste “novo” canal de vendas, o e-commerce. 

Parte desse processo de crítica aos números se deve ao fato de abrir os segmentos e verificar que os valores apresentados representam movimentos diferentes dentro do e-commerce. Enquanto supermercados e materiais de construção têm apresentado valores, em alguns momentos, até superiores ao ano de 2019, o segmento de vestuário e restaurantes ainda tem um horizonte com curva longa de recuperação. 

Enquanto em 2019 o mercado norte-americano tinha o e-commerce com 11% de fatia do mercado, o Brasil apresentava apenas 4,8% de participação, com estimativa de alcançar este patamar apenas em 2029. Com a pandemia servindo de catalisador para o processo de digitalização do comércio, esta estimativa, de alcançar 11% do mercado, diminuiu em 4 anos, para 2025 o atingimento desta meta.

Assim, ao abrir os números, verificamos que os segmentos de supermercados e materiais de construção tiveram aumento superior à 2019, muito desse crescimento se deve ao fato de pertencer ao grupo de necessidades básicas, onde se encontra o segmento de supermercados. Estes números representam maior consumo por diversos fatores, mas a questão isolamento social e restrições de aglomeração e deslocamento, foram, neste caso, o catalisador do crescimento. 

Este impulso se deve ao fato de que o setor de supermercados e hipermercados tem atendimento regionalizado, outro fator que mantém o crescimento sustentado. Diferentemente de outras empresas de e-commerce, onde o consumidor está em Manaus/AM comprando de uma empresa em Canela/RS, os super e hipermercados têalcance menor, porém, devido ao segmento, maior frequência de consumo e menor taxa de serviço. 

Como no exemplo, entende-se que o custo de frete de uma mercadoria na distância RS-AM é um fator determinante de compra, no caso dos supermercados não existe essa barreira. A grande maioria das redes de supermercados não tem taxa de entrega, ou, quando tem, trata-se de um preço relativamente baixo para o consumidor. 

Outro ponto muito interessante deste caso dos supermercados é o fator “momento do negócio”, este termo é importante ser tratado de diversas formas, tanto no entendimento da situação atual da empresa, para o planejamento de metas, como para o entendimento das soluções para minimizar ou prevenir perdas. 

Quando em junho de 2019 o aplicativo iFood começou a testar na grande São Paulo a possibilidade de entregas de compras em supermercados pelo aplicativo, muito provavelmente nem os diretores comerciais da empresa, muito menos os empresários do segmento imaginavam a situação que o país viveria um ano depois imerso na maior pandemia da história. 

Nem mesmo o aplicativo Rappi, criado em Bogotá, capital da Colômbia, em 2015, que desembarcou no Brasil em 2017, imaginaria um cenário tão favorável para seu crescimento e expansão como tem ocorrido neste momento. 

O que era uma alternativa de serviço para atender uma empresa de soluções de e-commerce em 2015, transformou-se em uma empresa que vale hoje US$ 3,5 bilhões, abrange 119 municípios no Brasil, além de estar presente na Colômbia, Argentina, México, Chile, Uruguai, Peru, Equador e Costa Rica. 

Tudo isso para mostrar um ponto interessante, “momento do negócio”. Os números de expansão do e-commerce no Brasil apresentam valores nunca antes registrados, especificamente para segmentos que vinham de uma base de expansão de serviços, focados na experiência de compra do consumidor e uma estrutura capaz de suportar esse processo. 

O investimento em estrutura proporcionou a ampliação da operação, bem como o atendimento ao aumento repentino da demanda, mas nada disso teria acontecido se já não houvesse um movimento de investimento em estruturação.

O aumento é repentino, e ninguém em sã consciência imaginaria em 2015 que chegaríamos ao cenário atual, mas o investimento tem que ser contínuo, para atender situações como as que estamos vivendo

 

Análise de deslocamento de demanda 

 

Se comparados os números do varejo brasileiro no período, o que pode ser observado é o deslocamento da demanda dos clientes e concentração em segmentos específicos. 

Com o home office se tornando realidade, escolas obrigadas a paralisar as atividades e todas as restrições desse período conturbado, os reflexos são sentidos, principalmente, por segmentos ligados diretamente à essas áreas afetadas. 

A queda nas vendas de móveis e materiais de escritório são um exemplo disso. Embora as pessoas precisem de ambiente adequado para execução das atividades em home office, vale ressaltar que existe a chance de que algumas já possuíam, outras adaptaram o que tinham e o volume de vendas é infinitamente menor do que a aquisição empresarial, que neste momento está suspensa por não ter, ou ter diminuído drasticamente, suas atividades. 

Neste cenário, faz todo o sentido o aumento das vendas de super e hipermercados. Tanto pela demanda de produtos de limpeza, como também pelo maior tempo em casa, diminuição dos gastos com bares e restaurantes, aumento das refeições e da quantidade de pessoas dentro das residências ao mesmo tempo. 

Por mais óbvio que possa parecer, ainda assim vale ressaltar que a demanda, de uma forma geral, permanece. Os consumidores vão continuar consumindo, porém, com níveis muito inferiores para determinados segmentos do varejo e aumento para outros segmentos, por isso esse deslocamento de demanda. 

 

Como estimular a recompra de novos clientes 

 

No período entre abril e junho de 2020, foram 5,7 milhões de novos clientes no e-commerce brasileiro. Isso representa um valor 133% maior em relação ao segundo trimestre de 2019, com 4,3 milhões de primeiras compras online.

Estes números não revelam o valor para fidelidade: em 2019, 31,4 milhões de clientes realizaram compras únicas. Projeções de redes como Magazine Luiza, Via Varejo, Carrefour e até Renner, apresentam estimativas de que os novos consumidores deverão elevar o e-commerce a níveis acima dos picos registrados anteriormente. 

Mesmo não fidelizados, estes consumidores passam a engrossar a estatística de faturamento do setor, bem como apresentam a experiência de compra online como alternativa durante o período de pandemia. São consumidores que foram restringidos do acesso físico e tiveram o primeiro contato com e-commerce. Muito provavelmente eles permaneçam nas compras em lojas físicas, mas já veem o e-commerce como alternativa. 

Porém, esta primeira experiência com o e-commerce sugere a possibilidade de fidelização, caso seja estratégia da empresa. Visto que o primeiro contato é o mais difícil, neste processo, devido à desconfiança e falta de hábito de comprar online, quando a empresa proporcionar uma experiência agradável, viável e com preços atraentes, no conjunto produto-frete-prazo, a tendência de retorno deste cliente se torna muito maior. 

Vale o investimento por conta de estratégia de vendas, bem como por questões de redução de custos e abrangência de público-alvo, visto que o e-commerce tem a capacidade de atender clientes em localidades que as lojas físicas podem nem sequer existir. 

Estimativas apresentam crescimento superior a 45% ao mês no período de pandemia. A Cielo, em monitoramento das transações realizadas com cartões de crédito e débito, no comparativo de março/20 com fevereiro/20 – anterior às restrições, aponta que o crescimento representou 0,4% de aumento nas transações. 

O maior aumento de vendas no e-commerce ocorreu entre as 10ª e 15ª semanas de restrições, no mês de maio, com cerca de 4,5 milhões de pedidos e quase R$ 2 bilhões de faturamento. A queda nesta evolução se dá devido a reabertura das lojas físicas, retraindo, na 20ª semana da pesquisa, para aproximadamente 3,8 milhões de pedidos e cerca de R$ 1,7 bilhões de faturamento. 

Esses valores, de acordo com pesquisa Cielo e Ebit/Nielsen, representam um avanço gigantesco nas operações de e-commerce no país. Mesmo com queda de 15% de receita do varejo no período de pandemia, de acordo com a Cielo, as estimativas de recuperação e redução de perdas são consideradas como dados positivos para o setor. 

De acordo com Eduardo Yamashita, chefe de operações da consultoria Gouvêa Ecosystem, mesmo com a reabertura das lojas físicas, o que deve diminuir o volume de negociações do período, o movimento dos consumidores para os canais digitais deve se manter. 

De acordo com Stelleo Tolda, vice-presidente executivo do Mercado Livre, embora as empresas digitais não sejam imunes aos efeitos da pandemia do COVID-19, a alteração dos hábitos de consumo do e-commerce e serviços financeiros tendem a beneficiar as empresas que estiverem mais preparadas e adaptadas a este novo modelo de negócio. Veja mais sobre como o Mercado Livre cortou investimento apesar do crescimento na pandemia, justamente para se adaptar. 

 

A importância do omnichannel 

 

Sobre as lojas físicas, Ilca Sierra, diretora de Marketing Multicanal da Via Varejo, acredita que elas passarão por um processo de ressignificação. Ela reforça que as lojas, além de um ambiente para adquirir o produto, possuem também uma questão estratégica geográfica envolvida. Por isso, os varejistas terão de continuar apostando em uma operação multicanal 

“Antes da pandemia cerca de 30% das vendas online em nossas operações eram na modalidade retire na loja. O modelo omni tem um poder muito grande e pode se intensificar ainda mais no pós-covid, afirma a executiva que destaca as lojas como um ponto de experiência do consumidor. 

Outro ponto levantado por Ilca foi em relação ao e-commerce, responsável por apenas 5% de toda venda do varejo brasileiro no pré-covid. Ela comenta que o país tem 100 milhões de brasileiros que ainda não são digital natives 

“Muitos consumidores são desbancarizados e ainda estão aprendendo a realizar suas compras no ambiente online. Precisamos entender que a população não é usuária do digital, mas este cenário pode começar a mudar no futuro mais próximo”, disse. 

 

Expansão da internet para o suporte do omnichannel 

Neste ponto entra a necessidade de acesso e expansão da internet no país, inclusive a internet móvel, que é capaz de abranger mais classes sociais e os locais mais remotos, onde pode não haver demanda suficiente para uma estrutura de banda larga. 

A relação desta expansão está ligada diretamente com o e-commerce. De acordo com Abel Orleans, chefe de operações da Via Varejo, a maior demanda no varejo digital se concentrava em consumidores com maior poder aquisitivo. Porém, agora as classes C e D também estão sendo alcançadas pelo processo de digitalização. 

A empresa apresentou aumento de 2.500% nas vendas de games e câmeras, 1.900% em televisores e 1.400% nos itens de informática e escritório entre maio e junho. A relação se dá exatamente na antecipação da implantação de canais de venda online e/ou expansão das empresas que já apresentavam presença neste mercado. 

Enquanto que nos Estados Unidos a estimativa que o e-commerce a partir de dispositivos móveis – m-commerce, alcançasse US$ 420 bilhões de faturamento e 54% de todo o comércio eletrônico apenas em 2021, antes da pandemia, com histórico de crescimento de US$ 25 bilhões

 

Comparação entre a internet da América Latina e do resto do Mundo 

Com o marco de 100 mil antenas de telefonia e internet móvel no país, de acordo com dados do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e Serviços Móvel Celular e Pessoal – SindiTeleBrasil, combinados com 33 novos chips de 4G ativados por minuto no país, o sindicato apresenta a dificuldade de aumentar esta rede de cobertura devido a cerca de 300 leis municipais diferentes que dificultam as instalações das antenas. 

Apenas para se ter ideia da possibilidade de ampliação da oferta, existem mais de 4.000 pedidos de instalações de antenas, por parte das operadoras, aguardando liberação das prefeituras municipais em todo o país. 

A boa notícia está no fato de que, das antenas instaladas nos últimos 12 meses, a maioria são de tecnologia 4G, já operando em 4.950 municípios, cobrindo 97,3% da população brasileira. 

No Brasil, a internet móvel é qualificada em 74° lugar no ranking de custo por gigabyte trafegado, de acordo com o site Cable.co.uk em 2018. Enquanto que Chile, Peru, Uruguay e Argentina aparecem com valores muito abaixo, o Brasil apresenta custo menor do que Colômbia e Paraguai, na América Latina, e menor do que Estados Unidos e países da Europa. No mundo, a média de custo por gigabyte está em torno de US$ 8,53. 

Já com relação à velocidade de dados, o Brasil se encontra na 75ª posição no ranking de velocidade de dados móveis e 54ª posição no ranking de velocidade de dados na banda larga. Os países líderes de velocidade de internet são Coréia do Sul e Singapura, respectivamente. Em comparação, a velocidade de download mobile na Coréia do Sul é de 110.10 Mbps, enquanto que no Brasil a taxa é de 27.39 Mbps, frente à média global de 34.67 Mbps. 

 

Crescimento do m-commerce (venda por dispositivos móveis) 

Para um mercado considerado o 10° maior mercado mundial de e-commerce, com crescimento em torno de 22%, considerado no radar de empresas de todo o mundo e faturamento anual em torno de US$ 19 bilhões, considerar a capacidade de infraestrutura para suportar a demanda de novos consumidores, o maior fluxo de dados diante do período de pandemia – devido ao home office, são fatores importantes a se levar em consideração neste momento. 

Esses números refletem a participação desta fatia de mercado, seu posicionamento e possibilidades em um país com cerca de 230 milhões de smartphones ativos, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo – FGV-SP. 

Parte do processo, ao ler os números de evolução, é entender que existe uma retomada e possibilidade de curva de crescimento para o varejo através do e-commerce e m-commerce, existe uma parcela de novos consumidores atingidos e que devem permanecer nestas plataformas aumentando a demanda por investimentos das empresas que estão consolidadas ou pretendem se consolidar nesta modalidade de venda, mas, exige também uma análise mais detalhada. 

A ideia de análise mais detalhada vem no sentido de que, por exemplo, de acordo com o 41° relatório Webshopper, frete grátis representou 48% do total de vendas em 2019. Nesse sentido, empresas estreantes nessa modalidade de venda podem ter maior dificuldade de firmar contratos que possam viabilizar suas vendas, o que tende a concentrar as operações em torno das empresas já estabelecidas. 

Outro ponto é a velocidade de internet. No início das restrições e deslocamento para home officegrande parte da população sofreu com lentidão nas bandas contratadas, comprometendo desde serviços de streaming, acesso remoto do trabalho e a transferência de dados.

Levando em consideração o retorno das atividades de forma gradual e, mais efetivamente, a partir do início de setembro, a manutenção de parte desses trabalhadores no modelo home office no período pós-pandemia, também como novo modelo de trabalho, deve manter sobrecarregada uma rede que já apresenta dificuldades técnicas, estruturais e legais para sua expansão, a qualidade e quantidade de rede capaz de atender a população é um fator muito importante para a manutenção de uma grande quantidade de atividades tanto de trabalho como de consumo e vendas. 

 

Falências: por que nem todas as empresas conseguiram se adequar ao meio digital? 

Embora ao olhar friamente para os números seja possível verificar crescimento baixo ou até mesmo apenas redução de danos, entender que a não existência dessa opção teria levado muito mais empresas à falência ou recuperação judicial também é uma forma de realizar crítica à análise dos números levantados. 

Apenas para se ter ideia, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, pesquisa divulgada no dia 16 de julho, apresentou 522 mil empresas que foram à falência. Estima-se que 99% sejam empresas de pequeno porte. 

Soma-se a esses números, 3,5 mil empresas que devem entrar com pedido de recuperação judicial nos próximos meses, de acordo com a Secretaria de Política Econômica – SPE do Ministério da Economia, afetando toda a cadeia produtiva. 

Assim como a pesquisa do IBGE, a estimativa da SPE mostra um cenário muito ruim para o comércio brasileiro. Em um país composto por 99% das empresas nas categorias micro e pequenas empresas, responsáveis por 52% dos empregos, ao identificar que das 522 mil empresas que faliram, 99% estão classificadas como de pequeno porte, este movimento gera um alerta para toda a cadeia produtiva. 

Embora entender que este momento foi, e está sendo, trágico para diversas famílias, com a morte de familiares, ou mesmo longos períodos de internação, para aqueles que tiveram recuperação, a questão financeira também representa um problema sério, visto que há 2 milhões de desempregados no período 3 de maio à 13 de junho, de acordo com o IBGE. 

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD Contínua, indicador de desemprego no país, entre os meses de abril e maio, foram cerca de 7,8 milhões de postos de trabalho encerrados, elevando para 12,7 milhões de desempregados. 

Muito provavelmente, um dos fatores que tenha levado a esse número expressivo de falências e, consequentemente, demissões, pode ser a não adaptação ao meio digital. E para isso várias são as possibilidades, desde falta de estrutura física, falta de capacidade de investimento, especificidades do negócio, política de gestão, dentre tantos desafios que os empresários brasileiros têm em seu dia a dia. 

Adaptar-se ao meio digital hoje, não é mais uma questão de visão de futuro, de investimento de longo prazo, trata-se de uma questão de sobrevivência. 

 Alternativas para sobreviver e se adaptar  

Com 97% do varejo alocado em lojas físicas, a movimentação e direcionamento para o mercado e-commerce foi o fruto da pandemia que obrigou o setor varejista brasileiro a se adaptar e repensar suas estruturas de operação e gestão. 

Uma nova necessidade para o mercado está na experiência do consumidor, que tanto no período da pandemia quanto no pós-crise, será fator fundamental para o relacionamento e fidelização dos clientes, exigindo do profissional de vendas maior atenção e preparo. 

Outro ponto importante se trata da logística de venda. A parte estrutural do processo vem sofrendo alterações para a manutenção dos prazos e capacidade de entrega. Neste sentido a integração de empresas entre si, por meio de centros de distribuição e com transportadoras, são as determinantes para a centralização dos estoques, diminuição nos custos de armazenagem e tarifas de transporte – devido a menor quantidade de locais para retirada de produtos, bem como contratos com empresas de transporte expresso para evitar custos de transporte próprio. 

Essa experiência do consumidor pode ser tratada tanto por meio do omnichannel, que passa a integrar uma nova alternativa através da venda por aplicativo de mensagens, combinado com o atendimento direto com o vendedor, a retirada na loja, ou mesmo o envio da mercadoria. 

Todo esse processo tende a tornar a satisfação do cliente um ponto ainda mais importante, devido a facilidade de acesso e contato com diversas marcas e estabelecimentos, sendo necessário maior esforço dos profissionais de venda no sentido de atendimento humanizado e multitarefa. 

Ainda não se tem um horizonte definido, com diversas empresas farmacêuticas em processo de validação de uma vacina. A previsão mais otimista data para dezembro, um possível processo de vacinação em massa que seja capaz de dar segurança para uma “normalidade”. 

Uma visão do mundo pós COVID-19 pode ser vislumbrada através do Relatório do Departamento do Comércio dos Estados Unidos. Com redução nas taxas de óbitos com teste de esteroide genérico – dexamethazona, reduziram cerca de um terço as mortes em casos graves em estudo no Reino Unido, juntamente com o retorno de aproximadamente 2,5 milhões de norte-americanos ao trabalho e um processo de relaxamento do isolamento, embora não seja capaz de compensar toda a perda do comércio, acumulada nos meses de março e abril, o comércio varejista norte-americano apresentou avanço de 17,7% no mês de maio. 

Com este cenário previsto para os próximos meses, afinal, são vários os laboratórios trabalhando intensamente para a finalização de uma vacina definitiva, com cerca de 153 drogas e vacinas em 1.765 estudos com pacientes, porém, todos em fase inicial. Entretanto, até dezembro o varejo precisa se ocupar desta nova realidade e adaptar as possibilidades de acordo com cada mercado e cada necessidade das empresas. 

Os super e hipermercados tem apresentado soluções rápidas e práticas para tentar manter a segurança para os clientes, com a disponibilização de álcool em gel  em diversos pontos dos estabelecimentos, aferição de temperatura na entrada, uso obrigatório de máscaras, disponibilização de equipamentos de segurança para os colaboradores e maior frequência nos períodos de limpeza e higienização do ambiente. 

Os processos apresentados pelos super e hipermercados devem refletir o que será tido como normal, ao menos durante este período, com o processo de abertura das empresas em todo o país. 

 

Texto por André Benitez dos Santos

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